Evolução Tecnológica: Internet das Coisas (IoT) e processamento em tempo real (ESP)

O ESP captura o valor dos dados no instante em que eles são gerados, antes que eles se percam no espaço de tempo entre a criação e armazenamento

Por Jim Harris, especialista em Data Quality e redator do blog do SAS


Historicamente, a análise de dados é realizada após os dados terem parado de se movimentar e estarem armazenados. No entanto, recentemente, percebemos um aumento na demanda do ‘processamento em tempo real’ (Event Stream Processing – ESP), na qual as informações são continuamente analisadas ainda em movimento.

O ESP captura o valor dos dados no instante em que eles são gerados, antes que eles se percam no espaço de tempo entre a criação e armazenamento. Essa tecnologia também detecta padrões significativos, além de desvios dos mesmos que irão indicar uma ação imediata.

A necessidade do Event Stream Processing aumentou na era do Big Data, pois dados em movimento e em grandes volumes precisam ser processados rapidamente e em tempo real. Enquanto o ESP pode ser aplicado em diversas fontes de dados, outra inteligência similar vem chamando atenção: a Internet das Coisas (Internet of Things - IoT). Uma rede crescente conectada à internet, alcançando desde máquinas industriais a uma variedade de bens de consumidores.

Qual o tamanho da IoT?

De acordo com o Cisco Systems, em 2008 já havia mais coisas conectadas à internet no planeta terra do que seres humanos. Em 2020, 50 bilhões de coisas devem estar conectadas por meio de sensores e redes de comunicação, a maioria sem fio. Dentre essas conexões, fluem dados em tempo real que podem ser usados para diversos propósitos.

Os primeiros usuários da IoT tiveram o foco no controle de inventário e sistemas de gestão de correntes de suprimentos para identificar, armazenar e rastrear seus produtos de forma única e em real time. Porém, de acordo com o The Economist, 75% dos líderes de negócios globais estão explorando as oportunidades econômicas da Internet das Coisas para criar novos mercados ou aprimorar os serviços já existentes. A GE estima que a IoT tenha o potencial de agregar um valor de 10 a 15 trilhões de dólares ao Produto Interno Bruto (PIB) global ao longo dos próximos 20 anos, ultrapassando a economia dos Estados Unidos.

Enquanto o potencial da IoT é difícil de ser ignorado, também é importante ressaltarmos que ela não é tão simples como colar sensores conectados à internet em tudo. Poderíamos, por exemplo, colocar um sensor conectado à internet em um carro modelo 1999, mas ele não proporcionaria ao motorista nada além do uso do GPS no smartphone para ajudar a encontrar a vaga onde ele estacionou. Mesmo sendo um tanto quanto útil, e já disponível, coisas muito mais úteis conectadas à internet exigirão o desenvolvimento de novos produtos, com sensores incorporados mais sofisticados e sistemas de computador projetados, especificamente, para o uso dos dados dessa maneira.

O futuro com a união de duas forças

Enquanto a IoT avança, mais “smart things” vão continuar adentrando o mercado. Carros conectados são um exemplo excelente do potencial da Internet das Coisas. Atualmente, os veículos passam por uma manutenção marcada periodicamente, sendo necessária ou não. Ao invés do proprietário agendar a manutenção para procurar possíveis defeitos ou dele esperar que uma avaria aconteça, o fluxo de dados dos sensores em carros conectados à internet pode ser usado para alertá-lo quando algo é detectado (alta temperatura do motor, baixo nível de óleo, resposta lenta dos freios, diminuição na pressão dos pneus, etc).

A indústria de transportes foi uma das primeiras a investir nessa tecnologia. Atualmente, as operações são automaticamente interrompidas quando algum veículo apresenta algum defeito. Em 2012, apenas 10% dos carros nos Estados Unidos estavam conectados à internet, mas estima-se que 90% dos veículos estejam conectados até 2020.

Outros setores também estão explorando os benefícios da IoT. A Intel prevê que governos municipais gastarão 41 trilhões de dólares nos próximos 20 anos em melhorias de infraestrutura necessárias. Por exemplo, após um terremoto em 2011, que matou 185 pessoas e danificou severamente a cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, esforços para a recuperação incluíram a integração de uma rede de sensores conectados na infraestrutura da cidade durante sua reconstrução. Isso está transformando Christchurch em uma cidade sensorial, onde o fluxo de dados de sensores conectados á internet é constantemente monitorado na busca de poluição da atmosfera, uso exacerbado de água, condições de tráfego e outros aspectos que afetam na qualidade de vida dos cidadãos.

Ainda levará um tempo para alcançarmos o potencial máximo da IoT. No entanto, uma vez que a rede tenha um alcance maior e mais profundo, a análise de dados proveniente da IoT transformará as informações em algo bem mais dinâmico, dando uma percepção extra-sensorial para detectarmos coisas muito além da nossa atual capacidade. Logo, o ESP e a IoT combinarão forças para nos ajudar a entender, automaticamente, as alterações nos dados. Dessa maneira, poderemos tomar ações imediatas, antes mesmo que as operações sejam interrompidas ou afetem negativamente a experiência dos consumidores.



Jim Harris é um dos principais especialistas em Data Quality, com mais de 20 anos de experiência em gerenciamento de dados. Jim é consultor independente, palestrante, escritor e possui o blog Obsessive-Compulsive Data Quality.

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